Um simples e frágil arbusto, plantado no chão de terra batida.
Eu era um menino.
O arbusto cresceu, se fez árvore.
Sob severas tempestades ela passou, sobreviveu.
Encurvou-se, algumas vezes, fortaleceu-se.
Despida foi, pelo vento, nua, tímida, parecia ficar.
Resistia
e começava de novo, num interminável ciclo natural.
Fortalecida, às vezes, entendo romanticamente, que ela com seus galhos, batia na vidraça para me acordar para que eu visse o sol nascer.
Pela janela do meu quarto, ela vê meu entardecer, meu obscurecer.
Ela aguarda a primavera para recompor seu manto verde.
Eu, meu inverno chegar, e o vento bater e fechar minhas janelas.
Pela vidraça da janela a árvore encurva-se para me ver.
Poema: Reconhecimento Lucas Eugênio
O que é terra, gente, tempo estranhos para nós, para Deus são meios. Os meios de nos fazer chegar ao propósito inicial. Este interrompido por nossas interferências, indiferenças e por nossa independência nas decisões, e até receios. Mas, Ele é firme em seus planos e vontade em nos fazer recomeçar de onde achamos que era o final. O Pai vê nossos erros e atrapalhadas, mas vê também nossas lutas e desejo de acertar. O homem não compreende, critica, acusa, abandona; lava as mãos. O certo é que Deus tem seus caminhos, mas altos do que os nossos, e neles nos põe a (re) caminhar. Insiste conosco, nos fazendo entender que um sim dEle, é definitivo e mais importante, que da vida, os nãos
EU SOBREVIVO: ( Lucas Eugênio)
Eu sobrevivo, vivendo, vendo, vindo, indo sem parar. Sobrevivo, visando, viajando, vencendo a falta que você me faz. Sobrevivo aos ataques, as atitudes, através das trilhas indesejadas ou não. Sobrevivo, ao esperado fim, assim, sim, sem esperar mais. Sobrevivo ausência, a impaciência, a demência, capaz de me fazer incapaz. Sobrevivo, para ser, para ter, para ver no que vai dar essa desilusão. Sobrevivo por fé, por raiva, por teimosia, instinto, mas sobrevivo. Sobrevivo aos que não querem, não podem, não fazem, não são nada. Aos que me deixam, me esquecem, desprezam o fato de eu estar, ainda, vivo. Subindo ou descendo, amparado ou solto, porque eu tenho uma coisa que é minha: A estrada!
Desejo - Lucas Eugênio
Há uma poesia dentro de mim.
Resiste, insiste querendo ser. Mas luto, reluto para que ela não seja.
O que nela contém é a verdade que ( de ti) estou a esconder:
O amor (por ti) é um hóspede que eu nâo quero e a poesia deseja.
( lucas eugenio)
À você...que é isto
À você que NÃO foge, que fica,
que transpira fé e esperança.
Você que vive seu sonho,
que transpõe seus abismos...
Você que sobra, quando todos faltam.
É Presença , em meio à tantas ausências.
Acerto; depois de tantos equívocos.
Você que é isso; pois nunca aceitou ser aquilo;
um rascunho de gente,
que nunca se fez inteira.
Você que NÃO foge,
não se move.
Que não se influencia pelo misto pessimista...
Meu respeito...
Lucas Eugênio
Sou sombra da núvem
que pensou ser na eternidade o céu
Sou poça d' água do rio
que um dia almejou ser mar
Lucas Eugênio
ANÚNCIO DE ENTARDECER
Procura-se um sonho...
Quem o encontrar,
Diz a ele que o perdoo por tudo.
Que o meu peito, em cicatrizes,
É hoje até mais bonito que antes.
SEM NADA A DIZER...
...VOCÊ SE FOI,
ME DEIXANDO MUDO;
AS MAÕS PARADAS
SOBRE O MOUSE.
O QUE EU LHE DIRIA,
VOCÊ NÃO SABERÁ,
NÃO TEM SENTIDO.
SERIA UMA
MANIFESTAÇÃO
VERBAL JOGADA
AO LÉU. VOARIA,
VOARIA COMO UM
TRISTE PÁSSARO,
SEM GALHOS,
SEM TELHADO,
SEM NADA PARA POUSAR.
SEM SEU CORAÇÃO,
EU SOU
UM SOLITÁRIO
VIAJANTE QUE VAI,
MAS SEM LUGAR
ALGUM PARA CHEGAR...
Áh...Ia me esquecendo...
Sinto tua falta...
QUERO ESTAR COM VOCÊ... Lucas Eugênio
Que estar com você quando as
nuvens escuras cobrirem teu sol.
Quando o dia amanhecer nublado;
e a manhã não parecer desperta.
Quando as estrelas sumirem no céu;
por névoas cobertas.
E o horizonte perder o vermelho
do lindo arrebol.
Quero estar com você;
quando o vento cortante;
provocar-te tremores.
Para dar-te no meu colo;
e o calor dos meus beijos.
Trazer-te com carinho nos meus braços;
ao nosso ninho, forrado de desejos.
.Quero estar ao teu lado, com este amor...
que da paixão se alimenta.
Quando enfim enxergares;
que não foi fim, e sim, uma breve ausência.
Que em outro, nem um e nem o outro caberá;
fomos feito sob medida certa.
E, portanto, cedas ao encanto;
e vivamos outros anos tantos;
nesse dom de amar
Que Deus nos apresenta
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VERSÁRIO 1 - COVA D
leia também: Enfim há Luz - Canção do Vento - Manhã de Sol
-
sugestão de trilha para a leitura
COVA D’ÁGUA – LUCAS EUGÊNIO
No ritmo das marés a - nossa - vida vai.
Em baixa de vez em quando, de quando em vez, em alta;
A maré rugindo como um feroz leão, sua vinda anuncia.
Entre o grasnar das gaivotas, seu canto então exalta.
A baixa maré , atraída pelo sol distante...
Escorrega lentamente, suave, até nas areias se acalmar.
Mas é de lua a alta maré; intrépida, ávida e sedenta.
Arrasta tudo; parece o mundo todo balançar.
As marés oscilam, deslocam-se, contraem-se...
Em ciclos, em vai e vem, num eterno jogo com velho mar.
Perseguem alguns incautos a brincar sem lhes vê chegar.
Mas, não perdoam todo aquele que seu ímpeto desafiar
A vida e suas marés; nem sempre está para peixe.
Influenciada pelas circunstâncias vira a vida sem timidez
Tomada por furiosos ventos cortantes, cede e curva-se.
Espera a volta triunfante. Que venha, que chegue de uma vez.
As fases, o fluxo nos imposto, o refluxo à contra gosto.
Aprendemos a viver, vivendo aprendendo a conviver com o susto.
Num canto qualquer das solitárias areias frias; não sem custo.
Como as marés , à mercê de todo perigo, somos postos.
Evaporando-nos em silêncio no entardecer de risos enfadonhos.
Sob nuvens observadoras, que aguardam nosso diluir aos poucos.
Felizes distraídas vidas seguem, sem ouvies sufocados gritos roucos;
Daquela que um dia foi uma grande maré; hoje é cova d'água,
Por que a pressa; não querer mais? Por que essa mala no chão da sala, o abrir da porta? Por que desse jeito, se outros jeitos há; por que da forma torta? Por que sair, quando sabemos que há tanto para vir. Por que não pode ser e ter mais do que se espera Por que você não fica, estica as pernas, silencie a fera Não há tempo para nós. Você não tem que ir! Vivamos o que é estranho, o normal é que enlouquece. A loucura é razoável, o são, a alma entorpece. As lágrimas são a forma da dor sorrir
Não atente para os olhares, a cuspida, a reprova.
Põe sua força, o amor, o mundo todo à prova. Eu levo a mala, você...
Teu olhar diz que há... Há vida em nós, no que desejamos, é certo. É fria a solidão, você sabe; é cruel deserto. O fim da agonia é fim do medo, da cruz. Essa mala, essa vala aberta entre nós dois Essa incerteza que a vida plantou e entre nós se pois. Não pode tapar o sol que em nós reluz É possível. Nos dois juntos somos possíveis Desfaço a mala. Tudo se cala, eu fecho a porta Aqui dentro, eu, você, nada mais importa O amor nos torna à esse mundo, invisíveis
SEM METÁFORAS - Lucas Eugênio
Foto: Lucas Eugênio
Na estrada. Sem parada, sem tempo.
Sem pouso; sempre indo...
É uma estranha e suprema necessidade.
Vou. É assim. Não é uma escolha.
Ninguém há espera; ninguém há esperar. Nada em suma.
Paixão?
Nenhuma.
Vou. Sem pouso, sempre indo...
Não só...
Tenho da esperança, a solidariedade.
O MEU TEMPO - Lucas Eugênio
Desejo-me um tempo; já dei tempo demais ao tempo.
Agora quero o tempo que todo tempo tem.
Tempo sem conta, sem que me peçam conta do tempo que levar.
Não quero um novo tempo; só um tempo, o meu.
O tempo de respirar, para que eu exista, sem ter que dar provas de que...de quem eu sou.
Não desejo-me um tempo medido, mesquinho. Quero-me um tempo de viver.
Que passe, tudo bem, mas sem me esgotar, me desgostar, sem me desviver...
Que seja o como uma folha que cai ao chão, à espera do vento, tudo bem.
Que dure como a essência do perfume das rosas; uma noite.
Que seja como a chuva no deserto do sertão. Que seja! Sendo meu, que seja!
Cansei de viver o tempo que me dão. Que me custa, que me gasta, sem que eu o veja, o sinta ou toque.
Quero o tempo nas mãos, do meu jeito: Corrido, correndo, que escorra entre os dedos! Mas, meus dedos, meu tempo.
Tempo de quem me usa e escraviza o ser, me esvazia o sentimento, impune.
Não! Cansei de olhar pela janela, contemplar pacientemente ele me dar às costas.
Que volte e me devolva cada vida roubada, cada alegria negada. Cada amor, cada musica; meus beijos. Quero o meu tempo de volta; desejo-me isto.
Não tenho mais tempo para negociar.
MATAR A SAUDADE -Lucas Eugênio
Saudade não sei se a tenho, ou, simplesmente a sinto.
Só sei que existe. É como um barco que navega em águas tempestuas e incertas. Nas sendas indesejadas e desertas.Nessa nave que a decepção pilota, quem desdenha o perigo, embarca.
Às vezes é coisa de se ter guardada como lembrança. Outras vezes, é melhor perdê-la na divagação que o tempo trança.
Pois a saudade sangra de um jeito que traz aos dias, a palidez; sua marca...É dor angustiante, que desespero traz; é um grito silencioso que a alma entorpece; faz do sorriso movimento incapaz.
Nostalgia: sensação de que se perdeu alguém; um momento único. É o mal que surge daquilo que um foi bem; hojê morte lenta traz
Saudade: Vontade de retroceder, andar de volta, correr para trás...
Agarrar, beijar,apertar, ancorar no cáis.
Vontade de não ter vivido e assim,seguiria-se inocente, sem passado ter, sem o pesadelo que a saudade contém
Seria como se cada dia acabasse, e com ele as lembranças.
E tudo seria diferente, todos dias seriam novos; até o amor amado